Capela da Crucifixão

Capela da Crucifixão

Esta capela, de planta sextavada, foi construída no séc. XIX, mas o figurado é mais antigo, pois mantém, ainda, as doze imagens do século XVIII representando o Monte Calvário, com o respetivo sabor popular e a ingenuidade sincera que as caracteriza.

Em plano superior, na parte exterior da capela, deparamos com a tarja: «ERAT AUTEM HORA TERTIA ET CRUCIFIXERUNT EUM», traduzida por «era na hora da terça quando O crucificaram». Note-se que a hora da terça, segundo a Bíblia de Jerusalém, é às 9 horas da manhã, ou mais genericamente, o tempo entre as nove horas da manhã e o meio-dia.

A densidade do figurado, inserido no espírito da reforma, motiva-nos a viver intensamente a «encenação dramática» da morte de Cristo, onde a iconologia se presta ao serviço da catequese, através de uma mensagem densa e metafórica.

Numa das pedras duma parede interior da capela figura a inscrição «Justiça que manda fazer Pôncio Pilatos a Jesus Nazareno por malfeitor, e amotinador do povo», enquanto outra inscrição num painel móvel explicita o verdadeiro significado das doze esculturas desta capela: «Quando o Bom Jesus chegou ao Calvário levando aos ombros a pesada cruz, os algozes arrancaram-lhe a túnica que estava colada ao corpo chagado e procederam à crucifixão. Aqui se vê o Senhor deitado sobre o madeiro, com a mão direita cravada e a esquerda a receber as marteladas. Um algoz estira o pé esquerdo com uma corda enquanto o outro estende a mão para um cravo que o rapaz dos pregos lhe apresenta. Os soldados mostram-se duros e cruéis em contraste com a dor indescritível da Virgem Mãe que se encontra à cabeça de Jesus, amparada por Maria Salomé. Ao lado esquerdo, Maria Cléofas e o Apóstolo S. João, com a mão na testa, choram amargamente. Atrás, caída sobre um montículo, Maria Madalena horrorizada e desolada».

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O Bom Jesus do Monte, referência incontornável.