Braga, 18 de abril de 2025
No âmbito das celebrações do Dia Mundial dos Monumentos e Sítios, este ano dedicado pelo ICOMOS ao tema “Património resiliente face às catástrofes e conflitos”, a Confraria do Bom Jesus do Monte apresenta publicamente o restauro de um conjunto artístico de elevado valor histórico e simbólico, devolvendo-o ao seu lugar original no Altar-Mor do Santuário.
No decorrer do processo de inventário dos bens móveis da Confraria – uma recomendação da UNESCO que se encontra em fase de conclusão – foi identificado um notável conjunto composto por seis castiçais, quatro jarras e uma cruz de altar, datado de 1904. Esta obra foi encomendada por Augusto da Rocha Romariz, 2º Senhor da Quinta do Castelo do Bom Jesus, e oferecida à Confraria a 11 de setembro do mesmo ano.
A manufatura foi confiada ao ourives Manuel Casimiro da Costa, tendo sido executada pelo seu filho, o jovem cinzelador Narciso Marques Casimiro da Costa, com apenas 14 anos na altura, revelando uma impressionante mestria técnica. Esta peça, apesar de produzida em metal não precioso, destaca-se pela qualidade da cinzelagem e pela presença do brasão da Casa Real Portuguesa em cada castiçal, evocando o título de Real Santuário conferido ao Bom Jesus por D. João VI, em 1822.
Após análise do estado de conservação e consulta de registos históricos, decidiu-se proceder ao restauro integral e à reposição pontual do conjunto no Altar-Mor da Basílica, em consonância com a sua localização original. Este altar, onde tradicionalmente são colocadas seis velas ladeando um crucifixo central, representa o simbolismo do candelabro judaico do Antigo Testamento, agora cristianizado com Cristo como a luz central e eterna.
O Cón. Mário Martins, Presidente da Confraria, sublinha:
“É nosso dever zelar pela salvaguarda e valorização do património do Santuário. Este restauro é um gesto simbólico de compromisso com a memória, a espiritualidade e os valores da UNESCO. Celebramos este dia mundial reafirmando o Bom Jesus como centro irradiador de paz e de resiliência face às adversidades.”
O conjunto restaurado poderá ser apreciado no contexto das celebrações litúrgicas, devolvendo ao templo uma peça que conjuga arte, fé e história, e contribuindo para a missão permanente de preservação do património mundial classificado pela UNESCO.