Avança investimento de 2,3 milhões que vai cumprir recomendações da UNESCO

Confraria vai avançar com o Projecto ‘Bom Jesus: Requalificar III’, aguardando oportunidade para o submeter a fundos comunitários. Intervenções ascendem aos 2,3 milhões de euros e vão permitir dar resposta às recomendações da UNESCO.

Dois milhões e trezentos mil euros é a estimativa de quanto vai custar a execução do Projecto ‘Bom Jesus: Requalificar III’, ontem apresentado publicamente e no âmbito do qual está prevista a criação do Centro Interpretativo do Bom Jesus ao qual será dado o nome do arcebispo D. Jorge Ortiga.
O projecto vai avançar, apesar de ainda não ter financiamento garantido. É expectativa é de que seja possível candidatá-lo a algum programa no âmbito do Portugal 2030.
Porém, não há tempo a perder porque é necessário zelar pelo património, concretamente colmatando os pontos menos positivos que foram apontados aquando da classificação do Bom Jesus do Monte como Património da Humanidade pela UNESCO.

O objectivo é ter as diversas intervenções contempladas neste projecto concluídas até Setembro de 2023, para que em Dezembro desse mesmo ano elas constem no relatório a entregar na UNESCO, como explicou o presidente da Confraria do Bom Jesus, o cónego Mário Martins.
O Projecto ‘Bom Jesus: Requalificar III’ trata-se “de uma operação de tipologia infra-estrutural e imaterial”, explicou o cónego, justificando que apesar do valor do Santuário do Bom Jesus do Monte “ser indiscutível”, este apresenta “muitas necessidade de conservação, nomeadamente na ‘Casa dos Correios’, no Apeadeiro do Elevador e zona envolvente, que exigem uma intervenção de reabilitação, restauro e valorização e sinalética”.
Lembrou ainda que esta intervenção permitirá dar seguimento Às recomendações da UNESCO, nos prazos estabelecidos, e que passam pela eliminação do edifício da esplanada e pela monitorização e qualificação da visita à estância.

Na prática, este projecto contempla a reabilitação e valorização da ‘Casa dos Correios’; a qualificação da visita com a criação do Centro Interpretativo do Bom Jesus, que numa homenagem a D. Jorge Ortiga, terá o sei nome; a reabilitação, conservação e restauro do Apeadeiro do Elevador e zona envolvente, com a criação também do centro Interpretativo do Elevador, entre outras.
Varico Pereira, em representação da Confraria, apresentou os detalhes do projecto, apontando que a intervenção na ‘Casa dos Correios’ tem um orçamento na ordem dos 850 mil euros.
Já a intervenção no Apeadeiro do Elevador, zona envolvente, Pórtico e alameda, deverá custar cera de um milhão de euros, sendo o investimento de maior volume.

Para a criação de zona de estacionamento que permitirá aliviar a estância do fluxo automóvel e requalificação de WCs vão ser necessários 300 mil euros. Havendo ainda uma parcela de 150 mil para outras actividades.
O valor global deste projecto será assim de 2,3 milhões de euros. Tendo já a promessa da Câmara Municipal de Braga de que vai contribuir para esta intervenção, a Confraria lançou o repto às outras entidades presentes na apresentação para que apoiem na busca de financiamento.

O cónego Mário Martins recordou que nos últimos 20 anos foram investidos cerca de 20 milhões de euros no santuário do Bom Jesus: na mata, nos jardins, na basílica, nos escadórios, acessibilidades, parque hoteleiro. Investimento esse que, em muitos casos foi comparticipado, principalmente, com fundos comunitários, com a Confraria a garantir a parte que lhe competia.
Concretizou também nos últimos sete anos foram investidos cinco milhões de euros, concretamente nos projectos ‘Bom Jesus: Requalificar’ e ‘Bom Jesus: Requalificar II’.
O cónego lembrou que esses investimentos foram decisivos para a inscrição do Bom Jesus do Monte na lista do património Mundial da UNESCO.

Entidades prometem “empenho” para arranjar financiamento

Da apresentação pública do projecto ‘Bom Jesus: Requalificar III’, que decorreu ontem à tarde no Hotel do Parque, saiu a promessa, por parte das entidades presentes, de colaborar na missão de encontrar soluções que ajudem a financiar esta intervenção.
A Câmara Municipal de Braga, apresentada já como “parceiro público beneficiário” já assumiu “um compromisso concreto de investimento”, como evidenciou Ricardo Rio, esperando-se agora que as outras entidades presentes, de alguma forma, possam ajudar na obtenção de fundos para concretizar o projecto.

Direcção Regional da Cultura do Norte, Turismo do Porto e Norte de Portugal e CCDR-N foram as entidades que intervieram também na apresentação do projecto, onde estiveram representadas ao mais alto nível.
António Cunha, presidente da CCDR-N, foi o primeiro a intervir, destacando que esta articulação de actores “é muito importante, porque na falta de um poder regional efectivo, de uma descentralização efectiva, é o único modo de construirmos a região” e de levar os projectos como este avante.
“Manifesto o apoio institucional da CCDR-N a esta terceira fase da requalificação do Bom Jesus, um apoio que, para já, se traduz na procura de soluções para encontrar financiamento para o projecto”.
Já Luís Pedro Martins confirmou que o Bom Jesus é o principal activo turístico da região”, apontando que, no caso concreto do turismo religioso, a seguir a Fátima, é, juntamente com São Bento da Porta Aberta, o segundo destino mais frequentado. Realçou ainda que o Bom Jesus foi distinguido com o Prémio Cinco Estrelas na categoria de ‘Sítios e património’, uma distinção de âmbito nacional.

O presidente do Turismo do Porto e Norte realçou ainda que este novo projecto vai contribuir para valorizar a experiência turística, numa altura em que a Entidade Regional se prepara para promover o Bom Jesus, no conjunto dos cinco locais do Norte que estão classificados pela UNESCO. “Estamos a prepara dois programas distintos. Um ao nível nacional e outra com Castela e Leão, fazendo uma promoção internacional deste património dos dois lados da fronteira”, avançou.
Já a directora de Cultura do Norte, Laura Castro, realçou que “o património é um estaleiro permanente”, pois “obriga a cuidado permanente”, um cuidado que é ainda mais exigente para manter a classificação de Património Mundial. “A classificação da UNESCO também precisa deste cuidado permanente”, vincou.
Laura Castro referiu que gostou do projecto apresentado, desde logo porque este aborda várias dimensões, não só em termos patrimoniais, mas também a nível de percursos pedonais e de qualificação dos espaços ar livre. “Este é um sítio absolutamente extraordinário e a DRCN está absolutamente disponível para colaborar na procura de soluções para o concretizar e para dar o acompanhamento necessário”, rematou.

Autor: Marlene Cerqueira, Correio do Minho