Bom Jesus presta homenagens em noite de inauguração

A Confraria do Bom Jesus do Monte inaugurou ontem as obras do “Bom Jesus: Requalificar II” um projeto, cofinanciado pelo Norte 2020 no âmbito dos fundos estruturais da União Europeia, o qual incluiu trabalhos de restauro e valorização em vários locais do Santuário, como a Basílica, escadarias, capelas, entre outros.

Com este projeto foram recuperadas monumentos, dezenas de esculturas e pinturas sobre tela, inventariados milhares de livros e plantadas milhares de árvores.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que marcou presença na inauguração, fez uma visita ao interior da Basílica e descerrou ainda a placa comemorativa da inauguração das obras.

Na noite foi celebrada a inscrição do Santuário do Bom Jesus do Monte na Lista do Património Mundial, homenageando todos os que contribuíram para o sucesso da candidatura.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que as palavras júbilo, gratidão, emoção e responsabilidade marcam o momento de classificação como Património Mundial.

Recordou a longa madrugada de 6 e 7 de julho em que se esperava «atentamente» uma decisão que estava ser preparada e que culminava num processo de muitos anos.

«Partilhamos a angústia da espera e no fim o júbilo da chegada da boa nova. Foi um júbilo duplo relativamente à Basílica de Mafra e realidade envolvente. Em Braga foi reconhecido um património cheio de história de monumentalidade e de espiritualidade», afirmou o Presidente.

O Presidente destacou a gratidão pelos protagonistas da fase final do processo que culminou na decisão de 7 de julho, como D. Jorge Ortiga, Confraria do Bom Jesus do Monte na preparação da candidatura, o papel «essencial» da diplomacia e à Câmara Municipal de Braga.

«Foi uma emoção para aqueles que tanto lutaram e acreditaram nestas duas causas. É um momento emocionante», disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Segundo o Presidente a responsabilidade começa agora com uma «nova fase histórica».

«O reconhecimento da UNESCO vem cheio de obrigações de cuidar do património monumental, ambiental e envolvente, de zelo até ao mais ínfimo pormenor. A partir de agora estamos perante património universal. Com abertura aos outros, o contrário da xenofobia, do fechamento. Isso é respeitar. Este não é património de uma cultura, não é património de uma civilização, património de uma religião, é mais do que isso. Deve ser uma felicidade para todos e para a Humanidade. Valeu a pena lutar por este momento, mas agora começa um novo desafio. Estar à altura do reconhecimento da UNESCO», afirmou o Presidente Marcelo.

O Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, referiu que foram muitos os que trabalharam pela causa do Santuário do Bom Jesus. 

«Alguns empenharam-se de um modo convicto pela classificação da estância e Santuário como Património da Humanidade. Todos deixam marcas indeléveis de serviço comunitário», declarou D. Jorge Ortiga.

O prelado lembrou que o trabalho não está concluído e que a responsabilidade que foi assumida perante a Humanidade «é grande».

«Não vamos adormecer à sombra das metas alcançados. Sabemos que vencemos uma batalha mas ser Património da Humanidade será uma responsabilidade para o futuro», reiterou.

O presidente da Confraria do Bom Jesus, P. Adelino Costa, realçou o empenho de todos os que trabalham há muitos anos e deixam no Bom Jesus o seu esforço e dedicação. P. Adelino Costa afirmou que o Santuário do Bom Jesus tem realizado vários investimentos «com recurso a auto financiamento, a financiamentos da Arquidiocese de Braga, bem como generosas comparticipações do Estado».

O presidente acredita que, com a colaboração e ajuda se fará «um Santuário de todos e para todos».

O secretário da Confraria do Bom Jesus do Monte e diretor do Projeto “Bom Jesus: Requalificar 2”, Varico Pereira, adiantou que, como o trabalho não está terminado, o “Bom Jesus Requalificar III” já está a ser projetado.

«Contamos com o apoio do estado português e da União Europeia, para dar sequência a este trabalho», declarou o responsável.

Varico Pereira deu conta que a inscrição do Santuário do Bom Jesus do Monte na Lista do Património Mundial foi o resultado de um trabalho que contou com muitas pessoas durante vários anos e agradeceu a todos os envolvidos, terminando com um agradecimento especial à Arquidiocese de Braga e ao Arcebispo D. Jorge Ortiga «por acreditar sempre».

O presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio, no seu discurso, confessou que este é um momento «de grande orgulho e de grande alegria». 

«Vimos concretizada uma ambição de décadas. Consideramos o Bom Jesus uma joia única não só para a cidade, para a região, para o país, mas verdadeiramente para todo o mundo», afirmou.

Ricardo Rio elogiou a qualidade do trabalho desenvolvido de todos aqueles que contribuíram para concretização de um sonho.

«A partir de agora é que temos de continuar a desenvolver o esforço, muitas vezes ainda maior do que aquele que nos levou até aqui, para garantir a valorização do património, a sua salvaguarda, e a sua fruição», concluiu o presidente da Câmara de Braga. 

Durante a cerimónia recebeu a mais alta condecoração da Confraria do Bom Jesus, como Irmãos Honorários, o Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga, o embaixador de Portugal na UNESCO, Sampaio da Nóvoa, o presidente da Comissão Nacional da UNESCO, Moraes Cabral, o coordenador geral da candidatura, Varico Pereira, as coordenadoras científicas da candidatura, Teresa Andresen e Teresa Marques, o membro da comissão de honra da candidatura, Luís Braga da Cruz, o presidente da Confraria do Bom Jesus P. Adelino Costa, o reitor do Santuário do Bom Jesus, Cónego Manuel Tinoco e os mesários da Confraria Mário Paulo Pereira e Abel Barroso.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa recebeu ainda uma lembrança em reconhecimento do seu apoio em todo o processo. 

A Confraria do Bom Jesus agradeceu o esforço, dedicação e amor ao Bom Jesus, que os atuais 38 trabalhadores prestam com o seu trabalho e atribuiu uma medalha de reconhecimento.