Novas tecnologias estão a ajudar restauro da Basílica do Bom Jesus

A obra de conservação e restauro que está a decorrer na Basílica do Bom Jesus está a ter a preciosa ajuda das novas tecnologias. Uma câmara multiespectral permite, sem provocar danos, perceber que tipo de intervenções foram realizadas no passado e quais as pinturas originais. Por outro lado, sensores de humidade e de temperatura estão a monitorizar constantemente o ambiente dentro do templo por forma a adotarem–se medidas preventivas para o futuro. A primeira fase dos trabalhos está realizada, estando a decorrer a segunda fase na capela-mor e no transepto. A última fase vai incidir na nave do templo, estando a empresa responsável pelos trabalhos certa que irá entregar a obra feita no prazo estipulado, ou seja, em junho do próximo ano.

O interior da capela-mor e transepto da Basílica do Bom Jesus do Monte está verdadeiramente irreconhecível.
Uma autêntica teia de andaimes, com uma altura de 28 metros, foi tecida ao longo de semanas por forma a que os técnicos da Signinum – Gestão de Património Cultural, possam trabalhar em segurança.

Ao Diário do Minho, o responsável pela empresa garante que, iniciadas em junho, «as obras estão a decorrer dentro daquilo que estava planeado», estando já concluídas fases de trabalho como a instalação do estaleiro e colocação dos andaimes, a revisão estrutural dos altares laterais, a limpeza de superfícies, a estabilização de elementos metálicos e a fixação das pinturas decorativas.

Segundo Luís Campos, os trabalhos têm contado com a preciosa ajuda das novas tecnologias, como uma câmara espectral que nasceu no laboratório da Signinum. Este instrumento inovador tem sido utilizado no diagnóstico e identificação de patologias e na validação dos tratamentos que vão sendo realizados.

«Por se tratar de um equipamento que é não invasivo, não destrói e permite ter a informação em tempo real, é uma mais valia para este tipo de intervenções. E, de facto, ajuda-nos a descobrir pormenores interessantíssimos ao longo do decurso da intervenção», disse.

A par desta tecnologia, a Signinum também dotou todo o espaço em que está a trabalhar de um sistema de monitorização e controlo de temperatura e humidade.

«Isto é importante porque nós, enquanto técnicos, precisamos de perceber quais são as variações de temperatura e humidade ao longo do tempo para podermos ter ações preventivas relativamente àquilo que é a degradação dos próprios materiais. E, de facto, nós temos aqui, mesmo nesta altura do ano, índices de humidade muito elevados», salientou Luís Campos.

Aliás, sublinhou ainda, dentro daquilo que é uma das obrigações da empreitada, a empresa tem de realizar um plano de manutenção pós-obra e, estes dados agora recolhidos são informações consideradas vitais para ajudar à elaboração de forma rigorosa do plano para as necessidades de todos os materiais e suportes que integram o recheio artístico da Basílica do Bom Jesus.

A par disto, a Signinum também está a realizar todo um conjunto de análises numa variante mais científica da intervenção que vai possibilitar um maior conhecimento, mais informação sobre os bens que estão a ser intervencionados. «E essa informação é absolutamente essencial. Quanto mais e melhor conhecermos os bens que estamos a intervencionar, mais adequados poderão ser os tratamentos que iremos aplicar em cada uma das circunstâncias que nos vão surgindo no decurso do trabalho», acrescentou.

Os trabalhos concretizados já trouxeram boas surpresas aos técnicos, nomeadamente na sacristia [ver caixa]. E a análise realizada também já permitiu perceber que houve intervenções ao longo dos tempos, umas melhor e outras pior conseguidas. Por exemplo, nos panos vermelhos, a imitar os damascos, percebe-se hoje que estão lá três tipos de vermelho.
No que diz respeito ao faseamento da obra, a primeira fase da intervenção já foi concluída e incidiu na capela do Senhor do Monte que, neste momento, está a funcionar como sacristia improvisada.

A segunda fase é aquela que está a decorrer neste momento e que tem por objetivo intervir na capela-mor e no transepto da Basílica do Bom Jesus.

Quando esta fase terminar segue-se a terceira e última fase com a intervenção a decorrer na nave do templo.

Os trabalhos, salienta Luís Campos, deverão estar concluídos em junho do próximo ano.

Até lá, serão criadas sempre todas as condições para que a Basílica do Bom Jesus possa continuar a ser visitada pelas pessoas e para que haja a celebração da missa.