Bom Jesus vai ter Jardim Bíblico, rede de miradouros e guia da fauna e flora

Confraria do Bom Jesus do Monte está a desenvolver novos projectos para que os visitantes possam aprofundar o conheci-mento sobre a estância. Na forja estão um Jardim Bíblico, um guia sobre a fauna e flora e ainda uma rede de miradouros.

O Bom Jesus do Monte vai disponibilizar brevemente aos seus visitantes “um aprofundamento do conhecimento” sobre a interpretação da natureza do Bom Jesus (flora e fauna), anunciou ontem o novo presidente da Con- fraria do Bom Jesus, o cónego Mário Martins.
Um Jardim Bíblico (espaço dedicado às plantas e árvores que surgem mencionadas na Bíblia), um guia da fauna e flora do Bom Jesus e rede de miradouros são os projectos que estão em elaboração para permitir aos visitantes conhecer melhor este local que é Património da Humanidade.
O anúncio foi feito ontem, no decorrer de uma cerimónia simbólica com que a Confraria assinalou o Dia Mundial da Árvore.

A Confraria convidou o arcebispo primaz, D. Jorge Ortiga, a plantar uma árvore, assim como os jornalistas presentes na iniciativa.
Foram plantados dois sobreiros e cinco carvalhos, espécies autóctones que vão enriquecer ainda mais a mata do Bom Jesus.
O ‘Correio do Minho’ também plantou simbolicamente um carvalho, que vai crescer junto ao lago, com vista para as serras do Carvalho e do Gerês.
O cónego Mário Martins avançou que entre 2019 e 2020, nesta estância, foram plantadas mais de mil árvores, na sua grande maioria de espécies autóctones, concretamente carvalhos, sobreiros, azevinhos, medronheiros, loureiros, entre outras. Foram também plantados mais de quatro mil arbustos.

O presidente da Confraria aproveitou para alertar para os riscos que a floresta do Bom Jesus correr devido à infestação por espécies invasoras, sobretudo austrálias, mimosas.
É um risco que existe “principalmente pela falta de controle e limpeza das áreas contíguas à nossa mata”, alertou, revelando que “só entre 2019 e 2020, nesta mata, foram removidos mais de quatro mil exemplares de espécies invasoras”.
O cónego Mário Martins garantiu ainda que a Confraria vai pautar a sua actuação “por uma acção sustentável” na gestão desta estância: “É nossa intenção que os visitantes do Bom Jesus não se concentrem, apenas, junto ao adro da Basílica, podendo também conhecer estes e outros locais, recantos de rara e inebriante beleza, capazes de prender o olhar e o coração de quem os visita e contempla. Para isso criaremos uma sinalética, infra-estruturas de apoio (como estas casas de banho devidamente requalificadas para uso de quem nos visita) e uma rede de miradouros dentro do Bom Jesus. Eis porque quisemos trazer-vos a este espaço, além de conhecerem esta vista privilegiada sobre a Serra dos Carvalhos e a Serra do Gerês”, referiu.

A dimensão ambiental é, assim, assumida, como uma das prioridade da Confraria, que abraça a missão de sensibilizar os visitantes do Bom Jesus para “uma educação e espiritualidade mais ecológicas”.
D. Jorge Ortiga elogiou a preocupação ecológica assumida pela renovada Confraria, lembrando que o Papa Francisco quando fala da crise que vivemos fala também da crise ambiental. “Não são duas, mas uma crise apenas, uma crise socioambiental”, referiu o arcebispo, elogiando o facto de as preocupações ambientais serem assumidas como prioridade pelos governantes, nomeadamente pela União Europeia com Green Deal. No caso nacional, apontou que também o PRR tem como um dos pilares a questões de sustentabilidade ambiental.
O arcebispo agradeceu ainda a dedicação de quem diariamente cuida da estância e aos jornalistas que ajudam a divulgar este património que a igreja coloca à disposição de todos.