D. Jorge Ortiga apela a atitudes concretas para travar crise ecológica

No Bom Jesus do Monte, o arcebispo primaz lançou um apelo a acções concretas para travar “a crise ecológica sem precedentes” que o mundo vive.

“Há uma crise ecológica sem precedentes que nós não podemos ignorar e que temos de enfrentar com atitudes concretas”. Foi este o apelo que o arcebispo primaz, deixou ontem, no Bom Jesus do Monte.

D. Jorge Ortiga, que falava no acolhimento aos participantes no workshop ‘O Património Arbóreo dos Jardins Históricos’, dinamizado pela Associação Portuguesa dos Jardins Históricos, realçou que “a igreja está comprometida e empenhada na ecologia integral”.

Recordou que em 2015 o Papa Francisco publicou a Carta Encíclica ‘Laudato Si’, uma comunicação ao mundo sobre “o cuidado da casa comum”, a casa que “nos hospeda, a natureza”.

Há poucos dias, o Vaticano lançou a Plataforma de Acção ‘Laudato si’, que pretende precisamente impulsionar a aplicação da encíclica.

Para D. Jorge Ortiga, o lançamento desta plataforma “é um apelo à acção”, porque “as considerações contidas na encíclica são bonitas”, mas “é necessário que sejam concretizadas”. O arcebispo realçou que a natureza sofre com as feridas causadas por “atitudes predatórias, a maior parte delas causadas por interesses”. Essas feridas, disse, “são sentidas por todas nas alterações climáticas, nos solos contaminados, na qualidade da água…”.

“Neste lugar paradisíaco, o Bom Jesus do Monte, lanço mais uma vez o alerta ao compromisso concreto para que surja na sociedade uma abordagem ecológica que transforme a forma de viver nos dias de hoje. Se assim não for a natureza continuará a ser vítima de acções predatórias”, afirmou D. Jorge.

Também o presidente da Confraria do Bom Jesus, o cónego Mário Martins, realçou a mensagem do Papa Francisco “que desafia todos os seres humanos a procurar um visão mais integradora, uma ecologia mais integral, que nos responsabilize a todos a promover a sustentabi- lidade e o cuidado com esta ‘casa comum’ que engloba toda a natureza”.

Realçou que ao cuidar dos seus espaços, em concreto dos seus jardins e da mata, a Confraria do Bom Jesus está também a responder ao desafio lançado pelo Papa Francisco.

Já Varico Pereira, vice-presidente da Confraria, especificou que os trabalhos na mata e jardins do Bom Jesus são uma constante. “Neste momento, por exemplo, estamos com um trabalho de limpeza e poda de árvores monumentais na zona do parque de merendas e na mata”, referiu, explicando que esta intervenção visa não só garantir a segurança dos visitantes, mas também a saúde das espécies arbóreas.
Em declarações aos jornalistas à margem do workshop, Varico Pereira realçou que o Bom Jesus do Monte “é no país um dos espaços com maior diversidade e riqueza em termos de espécies arbóreas”. Referiu que alguma são espécies espontâneas e autóctones, como carvalhos com mais de 300 anos que ali podem ser apreciados, mas também existe um considerável número de árvores notáveis de outras geografias, nomeadamente sequóias, magnólias, plátanos ou morangueiro dos Himalaias, entre outras.

A Associação de Jardins Históricos de Portugal lançou recentemente a Rota dos Jardins Históricos. O Bom Jesus integra a Rota do Baixo Minho.

Varico Pereira considera que o facto de o Bom Jesus integrar a Associação (a Confraria é um dos co-fundadores) e a Rota recentemente divulgada “irá contribuir para para atrair novos públicos” ao Bom Jesus, sobretudo “turistas com mais afinidade pelo turismo de natureza”.

Turismo regista “retoma progressiva, mas lenta” no Bom Jesus do Monte.

Com o desconfinamento em marcha, os turistas estão de regresso ao Bom Jesus do Monte, Património da Humanidade.

“O número de visitantes tem vindo a aumentar, o que é positivo. É uma retoma progressiva, lenta, mas que acreditamos que vai acelerar quando forem abertas as fronteiras internacionais”, referiu Varico Pereira, realçando que se anseia pelo regresso dos turistas internacionais ao espaço classificado como Património da Humanidade, mas “sempre dentro das medidas de segurança que forem determinadas pela Direcção-Geral da Saúde e pelo Governo”, sublinhou.

Nesta altura, são sobretudo os portugueses quem tem usufruído do Bom Jesus do Monte, mas também espanhóis que progressivamente tem vindo a aumentar a sua presença no Bom Jesus. Varico Pereira revelou ainda que na quinta e sexta, se registo e alguma afluência de turistas ingleses. O vice-presidente da Confraria explicou que os ingleses visitaram o espaço trazidos por operadores turísticos sedeados no Porto, o que denota que a final da ‘Champions’ também teve algum impacto em Braga.

Varico Pereira referiu ainda que desde a chega da pandemia se percebe que os visitantes procuram cada vez mais a zona do lago e da mata, quando antigamente andavam sobretudo pela zona do edificado patrimonial.