Capela da Última Ceia ou do Cenáculo

Capela da Última Ceia ou do Cenáculo

As capelas, construções sólidas e elegantes, são um convite à ascensionalidade. Esta multiplicidade de capelas devocionais enche-se de cenários, através da pintura e imaginária, com uma intenção ornamental e uma linguagem catequética e pedagógica, motivando os crentes a viverem de forma intensa a «teatralização» da Paixão de Cristo, através de uma mensagem mística, apologética e alegórica. Em cada uma delas somos convidados a integrar a cena, com o auxílio de cenários em tamanho natural.

Nos finais do século XIX, altura em que o santuário sofreu profundas obras de remodelação, quase todas as capelas foram alteradas, bem como os seus conjuntos escultóricos, à exceção das capelas da Última Ceia, Horto e Ressurreição.

O Bom Jesus, sem contar com a Basílica, é constituído por dezanove capelas dispostas irregularmente pela encosta deste monte (antigamente denominado de Monte de Santa Cruz) e ligadas entre si por graciosos e monumentais lanços de escadas. Catorze capelas encerram os passos, o percurso e as cenas da Paixão e da Morte representados por grupos escultóricos e as últimas cinco relacionadas com a vida gloriosa e o triunfo da Ressurreição.

Devido às diversas reconstruções e ampliações a ordem das capelas não é exata tendo em conta, obviamente, a ordem lógica da via dolorosa.

Após passar o pórtico, os encurvamentos da escadaria são marcados por capelas que representam episódios da vida e paixão de Cristo. As figuras, quase de tamanho natural, são dadas com ingénuo realismo e acentuada intenção dramática.

No lanço inicial da escadaria encontram-se as primeiras capelas quadrangulares da via-sacra, com coberturas a quatro águas, tendo acesso por portal em arco de volta perfeita e rasgadas, nas fachadas laterais, por óculos. A primeira é a capela da Última Ceia, representa o cenáculo, datada do início do século XVIII, do lado sul, de planta quadrada e cúpula em forma de pirâmide quadrangular. Alberga, ainda, as esculturas do figurado primitivo e ostenta, pendente da cornija, o brasão do seu fundador D. Rodrigo de Moura Teles.

Esta é a capela da primeira Missa. A partir desta, os apóstolos e seus sucessores celebrarão até ao fim dos tempos, cumprindo o mandato do Senhor. No interior, o Bom Jesus está sentado à mesa com os 12 apóstolos, no ato da instituição da Eucaristia, mistério central que fundamenta a fé, depois de lhes ter lavado os pés num gesto de muito amor e profunda humildade. Ao seu lado esquerdo o Apóstolo e Evangelista S. João, reclinado sobre o peito, e na extremidade da mesa Judas, o traidor.

A mesa da ceia está coberta de alimentos, com o pão e o cálice no centro do painel, abrindo caminho para a vida eterna.

Sobre a porta em arco, uma inscrição relativa ao passo representado: «CAENA FACTA ACCEPIT IESUS PANEM ET AIT: COMEDITE HOC EST CORPUS MEUM», que quer dizer «Acabada a ceia, Jesus tomou o pão e disse: Comei, isto é o meu corpo».

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O Bom Jesus do Monte, referência incontornável.