Capela das Trevas
Segue-se a capela das Trevas, oitavada, com as armas arquiepiscopais na cornija, contendo a imagem de Cristo com as mãos atadas e olhos vendados, surgindo, à direita, a fonte de Marte, com espaldar contracurvado, encimado por pináculos, onde surgem os respetivos atributos bélicos.
Em 1789, segundo o mapa do santuário feito por Carlos Amarante, esta capela aparece no lugar que se encontra, mas na altura abrigava outra cena, a da Coroação que atualmente está representada na 6.ª capela.
Dentro da capela das Trevas podemos encontrar a imagem do Bom Jesus sentado numa pedra, da autoria de Evangelista Vieira, com os pulsos presos e os olhos tapados.
Levado da casa de Anás para Caifás, este fez muitas perguntas disparatadas às quais o Bom Jesus não respondeu. Mas quando lhe perguntou se era filho de Deus, então respondeu com firmeza: «Tu o dizes, eu sou». Caifás rasga os vestidos em sinal de protesto e acrescenta: «é réu de morte». De seguida, tapam-lhe os olhos e lançam-se sobre Ele com bofetadas, escarros, pontapés e toda a espécie de maus tratos.
No exterior e por cima da padieira da porta pode ler-se: «TUNC EXPUERUNT IN FACIEM EJUS… ALII AUTEM PALMAS IN FACIEM EJUS DEDERUNT», traduzido por «Então uns cuspiram-Lhe no rosto… e outros deram-Lhe bofetadas».
À direita da capela encontra-se a fonte de Marte cujos símbolos guerreiros são uma pistola, um alfange (espécie de espada que só corta de um lado, sabre, de folha larga, curta e recurva) e uma lança.
Marte é o Deus romano da guerra, simboliza a brutalidade, rejubilando-se com a sua força física e com a sua agressividade normalmente cana- lizada para o mal. Se por um lado é o matador, punidor e vingador, por outro lado é o protetor das colheitas, o defensor dos lares e dos jovens.
Era costume, pelo menos entre os sabinos, sacrificar numerosos jovens em honra de Marte. O Cristo desta capela, bem poderia ser visto como um jovem oferecido em holocausto.