Fonte do Tato

Fonte do Tato

e Salomão

Finalmente, a figuração do sentido do Tato, representada pela aranha, animal simbólico, a tecelã do mundo sensível e com uma figura de longos cabelos que segura no braço uma bilha de onde jorra água, colocada debaixo do braço esquerdo, a mão da justiça. Tudo enquadrado por uma moldura onde estão gravados os castelos heráldicos de D. Rodrigo, as armas prelatícias, a mitra, o chapéu arquiepiscopal, a cruz e a coroa real. Quatro aranhas envolvem a figura humana e uma abelha aos pés da bacia.

No topo a imagem do soberano Salomão, com manto real, farta cabeleira, diadema na cabeça, púrpura e coroa. No braço direito, a mão da misericórdia, o cetro, e na peanha a inscrição: «VENTER MEUS INTREMUIT AD TACTUM EJUS», traduzida por «as minhas entranhas estremecem ao teu toque».

Para se gostar do Bom Jesus do Monte temos de o tocar, abraçar, mimar. Há que estimular este sentido, proporcionando o contato com diferentes texturas, das mais suaves às mais duras, das mais quentes às mais frias. Há que explorar o terreno. São descobertas enriquecedoras mas que não eliminam nem substituem a necessidade do toque principal, o do afeto.

A aranha simboliza o sol, pois os fios de sua teia são comparados a raios emitidos por este corpo celeste. A substância com que a aranha tece a sua própria teia, e que sai do seu próprio corpo, faz dela o símbolo da árvore genealógica de Jacob, ao mesmo tempo que simboliza a passagem da vida terrestre para o céu. Os fios de sua teia são identificados com os fios que ligam Deus aos homens.

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O Bom Jesus do Monte, referência incontornável.